Nesta terça-feira (15), morreu Eugene Parker, aos 94 anos, astrofísico pioneiro homenageado pela Nasa no nome da missão Parker Solar Probe. A sonda solar recebeu esse nome, principalmente, em razão do trabalho do cientista ter se concentrado na compreensão do Sol.
Em uma contribuição fundamental para a astrofísica, ele propôs que o Sol produz um fenômeno chamado vento solar, um fluxo constante de partículas carregadas que flui através do sistema solar. A missão que leva seu nome busca entender as origens do vento solar dentro do Sol.
Tanto a Nasa quanto a Universidade de Chicago, onde Parker trabalhou por décadas, anunciaram sua morte. “Ficamos tristes ao saber que uma das grandes mentes científicas e líderes do nosso tempo faleceu”, disse o administrador da agência espacial norte-americana, Bill Nelson, em um comunicado.
“As contribuições do Dr. Eugene Parker para a ciência e para a compreensão de como nosso universo funciona afetam muito do que fazemos aqui na Nasa”, acrescentou. “O legado do Dr. Parker continuará vivo, através das muitas missões ativas e futuras da Nasa que se baseiam em seu trabalho”.
A sonda Solar Parker foi lançada em agosto de 2018 para estudar a atmosfera exterior do Sol, chamada corona, mergulhando a menos de 6,5 milhões de quilômetros da superfície visível do Sol.
Por meio de quatro conjuntos de instrumentos, a espaçonave estuda a coroa superaquecida, numa tentativa de entender de onde vem o vento solar. Espera-se que a missão continue com as observações até 2025.
Originalmente apelidada de Solar Probe+, a missão recebeu o nome de Parker em 2017, tornando-o o primeiro cientista vivo a ver uma espaçonave batizada em sua homenagem. O próprio Parker participou do lançamento.
“Qualquer um que conhecia o Dr. Parker sabia que ele era um visionário”, disse Nicola Fox, diretor da divisão de heliofísica da Nasa, no comunicado da agência. “Tive a honra de estar com ele no lançamento da Parker Solar Probe e adorei poder compartilhar com ele todos os resultados científicos empolgantes, vendo seu rosto se iluminar a cada nova imagem e plotagem de dados que mostrei a ele. Entusiasmo e amor pela Parker Solar Probe. Mesmo que o Dr. Parker não esteja mais conosco, suas descobertas e legado viverão para sempre”.
Eugene Parker nasceu em 1927, em Houghton, no estado americano de Michigan. Ele se graduou em física pela Universidade Estadual de Michigan em 1948 e concluiu um Ph.D. no Instituto de Tecnologia da Califórnia em 1951.
Em 1955, Parker ingressou na Universidade de Chicago, onde contribuiu para a astrofísica por mais 67 anos, de acordo com um comunicado da universidade. Dois anos após sua nomeação, ele percebeu que a coroa superaquecida do Sol deveria, em teoria, criar partículas carregadas deixando a superfície solar em alta velocidade.
Outros cientistas não acreditaram nele, lembrou Parker em 2018. “O primeiro revisor do jornal disse: ‘Bem, eu sugiro que Parker vá à biblioteca e leia sobre o assunto antes de tentar escrever um artigo sobre isso, porque isso é um completo absurdo’.”
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O apoio finalmente veio de um colega de Parker na universidade, Subrahmanyan Chandrasekhar – que, décadas depois, foi homenageado tendo seu nome escolhido para o Observatório de Raio-X Chandra, da Nasa.
Levou apenas mais alguns anos até que a prova de Parker chegasse. Em 1962, a nave espacial Mariner 2, da Nasa (a primeira missão interplanetária da agência) descobriu o vento solar durante sua viagem a Vênus.
Nas décadas seguintes, Parker expandiu sua pesquisa para examinar raios cósmicos, campos magnéticos galácticos e outros tópicos em astrofísica. Como resultado de seus amplos interesses, uma série de conceitos científicos são nomeados em sua homenagem.
“Seu nome está espalhado por toda a astrofísica: a instabilidade de Parker, que descreve campos magnéticos em galáxias; a equação de Parker, que descreve partículas se movendo através de plasmas; o modelo Sweet-Parker de campos magnéticos em plasmas; e o limite de Parker no fluxo de monopolos”, escreveu a universidade.
Parker também foi presidente, por duas vezes, do departamento de astronomia e astrofísica da universidade, bem como da seção de astronomia da Academia Nacional de Ciências. Aposentou-se em 1995, mas permaneceu ativo no campo da astrofísica até pouco antes de sua morte.
“Gene representou para mim o físico ideal – brilhante e realizado, bem-apessoado, articulado, mas também humilde”, disse Robert Rosner, astrofísico da Universidade de Chicago e colega de longa data de Parker.
“Nunca esquecerei o prazer que ele teve ao explorar um problema científico e suas fantásticas percepções físicas, que foram reforçadas por suas habilidades analíticas”, acrescentou Rosner. “E nunca se pode esquecer o incentivo que ele deu a todos com quem interagiu – seus próprios alunos e pós-doutorandos e seus colegas. Sua morte realmente marca uma grande perda para todos nós”.
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O post Morre Eugene Parker, cientista que inspirou o nome da sonda solar da Nasa apareceu primeiro em Olhar Digital.